Este período histórico, conhecido como Alta Idade Média, é caracterizado pela ruralização da sociedade (em oposição à "urbanidade" clássica), por uma economia quase auto-sustentada e de fraca movimentação de trocas comerciais, pelo quase desaparecimento da cultura laica e pelo domínio cultural do clero e, por fim, pela enorme expansão da igreja cristã.
Os traços culturais próprios destes povos, dos povos conquistados e o cristianismo, estiveram na origem de uma arte que se situa entre a arte da antiguidade clássica tardia e o românico e que, por esse motivo, se denomina como pré-românica, não designando um estilo particular.
A arte pré-românica é caracterizada por uma absorção de diversas influências que resultam nas fusões inovadoras entre elementos da cultura clássica com elementos cristãos e germânicos. Não se restringe a uma região específica, mas espalha-se por toda a Europa ao longo vários séculos, destacando-se alguns géneros artísticos próprios.
A Arte visigótica é aquela que designa as expressões artísticas criadas pelos visigodos, que entraram na Península Ibérica em 415 e se tornaram o povo dominante da região, até à invasão dos mouros, em 711. Este período da arte ibérica notabilizou-se pela arquitectura, e ourivesaria.
Os mais significativos dos poucos exemplares sobreviventes da arquitectura visigótica do século VI, em território português, são a Capela de São Frutuoso em Braga e a Igreja de São Gião na Nazaré.
Capela de São Frutuoso de Montélios perto de Braga |
Interior da Capela de São Frutuoso de Montélios |
Interior da Capela de São Frutuoso de Montélios |
Capela de S. Gião - Nazaré |
Relevo da Capela de S. Gião - Nazaré |
Tesouro de Guarrazar - Coroa de Recesvinto |
Tesouro de Guarrazar
- Coroa de Recesvinto - detalhe
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O século VIII conheceu, porém, a primeira grande tentativa de reunificação da Europa, a criação do Império Carolíngio, sob Carlos Magno.
Carlos Magno foi a figura política mais poderosa da Alta Idade Média, pois os seus exércitos assumiram o controle de extensos territórios. Carlos foi responsável pela imposição do cristianismo e pelo ressurgimento da arte antiga.
Este foi coroado, pelo papa, em 800, como imperador do Sacro Império Romano que englobava quase toda a Europa Ocidental.
Estátua de Carlos Magno. O cavalo teria sido reaproveitado de uma estátua clássica |
A arte carolíngia refere-se à arte do período de Carlos Magno, estendendo-se pelos seus sucessores (entre 780 e 900 d.C.) e alargando a sua influência ao período posterior da arte otoniana.
Esta arte tem uma forte herança germânica, absorve elementos das artes bizantina e islâmica, mas inspira-se na arte romana da Antiguidade Clássica daí ser também conhecida como renascimento carolíngio.
A sua expressão arquitectónica vai incidir na construção religiosa caracterizada por pinturas murais, pelo uso de mosaicos e baixos-relevos surgindo também neste momento a igreja com deambulatório, tipologia que se irá desenvolver ao longo da Idade Média. Uma das mais significativas construções deste período é a Catedral de Aix-la Chapelle (Aachen) na Alemanha.
Interior da Capela de Aix-la-Chapelle com o deambulatório |
Cúpula da Capela Palatina de Aix-la-Chapelle
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Púlpito da catedral, com painéis de marfim bizantino e inserções de vidro islâmico. um dos painéis representa o deus pagão Baco.
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Trono de Carlos Magno na Capela Palatina de Aix-la-Chapelle |
Os mosaicos da Capela Palatina de Carlos Magno são parecidos com os das primeiras igrejas cristãs de Ravena e Constantinopla. Sabe-se que naquela época, muitas colunas e mármores foram trazidos de Roma para as construções do seu império.
Mosaicos do interior da Cúpula da Capela de Aix-la-Chapelle. Vêem-se as colunas vindas de Roma. |
Mosaicos do interior da Capela de Aix-la-Chapelle |
Coroa de Carlos Magno |
Frontispício dos Evangelhos de Lindau. C. 870.
Ouro, pedras preciosas e esmalte.
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Busto de Carlos Magno
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Marfim - capa dos Evangelhos de Lorsch, cerca de 810
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Iluminura, São Mateus Evangelista, c. 800
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Mateus redigindo o "seu" Evangelho.
Iluminura de um manuscrito francês dos Evangelhos de Ebbo. séc. IX. |